Patrick Cockburn, Jornalista irlandês, 58 anos

Correspondente no Médio Oriente desde 1979, primeiro no "Financial Times" e agora no "Independent". Autor de quatro livros, entre eles, "Saddam Hussein: An American Obsession" Reportagens: Iraque, Irão, Afeganistão, Paquistão, Israel, Palestina

Um dos raros jornalistas a permanecer em Bagdad durante a guerra do Golfo de 1991 que obrigou o Iraque a retirar-se do Kuwait, Patrick Cockburn é também um dos raros colegas elogiados por Robert Fisk em "A Grande Guerra pela Civilização". A admiração é mútua. "Cobrimos os mesmos conflitos e as mesmas histórias", diz Cockburn ao ípsilon, por telefone, a partir de Londres, recém-regressado do Afeganistão. "Sempre o achei um extraordinário correspondente."

"Também controverso, claro!", reconhece. "Mas se fazemos algo sério, muitas pessoas, sobretudo as que estão no poder, não vão gostar. Se gostam, é porque há qualquer coisa de errado com o nosso jornalismo. Todos os jornalistas dizem que buscam a verdade, mas nem todos se esforçam arduamente para a conseguir. Há um velho ditado jornalístico inglês que nos aconselha a não acreditar em nada até ser oficialmente desmentido."

Cockburn acha que muitos jornalistas "não passam de mensageiros de governos, sem interesse em apurar o que se passa". E, tal como Fisk, também ele recusa que o classifiquem como repórter de guerra. "Essa expressão tem uma certa conotação machista, que é desagradável. Até parece que gostamos de guerras, que as achamos excitantes, o que não é verdade. E nem sempre as crises e o sofrimento das pessoas envolvem guerras."

Sobre a afirmação de Fisk de que não se limita a escrever notícias mas também livros de História Cockburn concorda: "O jornalista não só pode como deve ser um historiador, porque estamos a ver a História a acontecer." Além disso, o facto de Fisk trabalhar a partir de Beirute, "onde o governo é muito fraco, permite-lhe manter-se mais independente do que se estivesse a escrever de Washington, Londres ou Paris".

"O jornalismo", frisa, "sempre inclui um ponto de vista, que pode estar declarado ou ser subliminar - mas está sempre lá". Por isso, aconselha: "Declarem logo de início qual é o nosso ponto de vista."

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