ARCO Madrid com menos 20 galerias do que em 2008

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Philippe Desmazes

Organização tem os "olhos postos na crise". Doze galerias portuguesas estão presentes

Em 2008, estiveram 270 galerias na ARCO Madrid, uma das feiras de arte contemporânea mais importantes no calendário europeu. Na edição de 2009, são 250 as galerias representadas. E, assinala o "El Pais", se o abandono das galerias portuguesas se tivesse concretizado, como chegou a ser ameaçado em Dezembro por falta de apoios do Ministério da Cultura, o rombo seria maior.

Doze galerias portuguesas já confirmaram a sua presença nesta feira que funciona como a principal montra de internacionalização da arte portuguesa: Quadrado Azul, Fernando Santos, Graça Brandão, Pedro Oliveira, Presença, Filomena Soares, Mário Sequeira, Cristina Guerra, Carlos Carvalho, Fonseca e Macedo, Paulo Amaro e António Henriques, confirmou hoje Pedro Cera, presidente da direcção da Associação Portuguesa de Galerias de Arte (APGA). De fora ficam as galerias Vera Cortês, Lisboa 20 e Pedro Cera.

A directora da ARCO, Lourdes Fernández, disse ontem à imprensa, na apresentação da 28ª ARCO, que a organização "tem os olhos postos na crise" financeira mundial. "Os primeiros cancelamentos preocuparam-nos, mas depois vimos que as baixas não eram assim tantas, pelo que esta edição pôde salvar-se porque há vontade e boa oferta." No entanto, ressalvou ao "El Pais", "outra coisa é 2010", que depende da evolução do mercado.

Em termos globais, a ARCO encerrou em Julho do ano passado a lista de galerias aceites na feira. Mas desde então, cerca de 20 mudaram de ideias e o número global de 250 galerias já inclui aquelas que participam noutros programas associados ao programa geral. Entre as baixas mais significativas está a galeria argentina Ruth Nezacar e a espanhola Oliva Arauna, também por estar descontente com o local da feira.

A edição de 2009 da feira, que decorre entre 11 e 16 de Fevereiro, está então marcada pela crise, não só pela redução do número de galerias presentes, mas também pelo clima de quebra de vendas no sector (a ARCO forneceu um relatório da Bloomberg que indica que as vendas das leiloeiras Sotheby's e Christie's caíram 17 por cento no ano passado) e numa altura em que os compradores institucionais já avisaram que vão diminuir o volume de aquisições, como assinala o "El Pais".

Mas Lourdes Fernández acrescentou, citada pelo diário espanhol "ABC", que "já há compromissos de aquisição de obras por parte dos museus Rainha Sofia, Ivam (Institut Valencià d'Art Modern) e Centro Galego de Arte Contemporâneo, bem como das fundações Mapfre e Coca-Cola". Ainda assim, avisa, "não podemos ser alheios à crise".

A retracção do mercado e a ausência que, desde 2007, existe nos apoios à internacionalização da arte portuguesa levaram a APGA a pedir ao Ministério da Cultura apoios às galerias para garantir a presença na ARCO. O ministério respondeu com um projecto de apoio a 15 galerias (embora só estejam presentes 12) que "façam prova de ter tido prejuízo nessa participação", como se lê no comunicado divulgado no dia 14.

Serão atribuídos montantes máximos de oito mil euros por stand/galeria para aquelas que tenham stand próprio no Programa Geral da feira (13 galerias) e um máximo de 4500 euros por stand/galeria para as que participem no Programa ARCO 40 (três galerias). Na altura, a APGA considerou que o modelo encontrado pela tutela, "apesar de tudo, é melhor do que nada", como disse Pedro Cera à Lusa. Pedro Cera frisou contudo ao PÚBLICO que "o Ministério da Cultura prontificou-se a apoiar os nossos negócios" e não a missão de divulgação que a ida à ARCO Madrid implica.

Este domingo, o Director-Geral das Artes, Jorge Barreto Xavier, comentava ao PÚBLICO que "esta é uma ajuda de socorro. Se a empresa tiver lucro, porque é que o Estado tem que dar um X sobre esse lucro?".

O país convidado da 28ª ARCO é a Índia, cujo mercado cresceu 3000 por cento nos últimos dez anos, e em Madrid estarão 15 galerias indianas.

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