Tiago Sousa no caminho de Samsara

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Tiago Sousa continua a ser um criador de fronteira, no ponto em que o improvisador se sobrepõe ao instrumentista erudito

Depois de álbuns inspirados em William Burroughs ou na obra de Henry David Thoreau, escolheu como ponto de partida para "Samsara" nomes fulcrais da espiritualidade oriental como Lao Tse, Chuang Tzu ou Siddharta.

O novo álbum de Tiago Sousa, autor de "Insónia" ou "Walden's Pond Monk", já está gravado e vamos começar a conhecê-lo nos concertos que o pianista dará a 2 de Março no Café Majestic, no Porto, inserido na programação do Vodafone Mexefest, e uma semana depois, dia 9, no Centro de Espectáculos da Figueira da Foz. Dia 23, no Museu do Oriente, em Lisboa, a revelação total. "Samsara", é esse o título do novo álbum, apresentado na íntegra.

Paralelamente, o pianista trabalha ainda em "Coro das Vontades", nascido de um convite do Teatro Maria Matos, em Lisboa, e que, pela importância que nele terá a palavra ("cantada, dita e escrita"), o autor considera "mais um espectáculo que um concerto". "Coro das Vontades" ganhará vida em palco a 14 de Julho.

Depois de álbuns inspirados em William Burroughs ou na obra de Henry David Thoreau, Tiago Sousa escolheu como ponto de partida para "Samsara" nomes fulcrais da espiritualidade oriental como Lao Tse, Chuang Tzu ou Siddharta. Samsara representa o ciclo contínuo de vida, com todas as provações que a existência coloca perante o indivíduo, o que Tiago Sousa procurou verter para a estrutura de um álbum em que regressa ao trabalho em piano solo. Mantendo o traço basilar do seu percurso - o de ser um criador de fronteira, no ponto em que o improvisador, o explorador sonoro em viagem interior, se sobrepõe ao instrumentista erudito -, sentiu que seria interessante esteticamente "regressar ao instrumento e explorar potencialidades que até agora não tinha explorado". "Samsara", que não tem ainda data de edição definida, será algo totalmente diferente do trabalho que começa agora a desenvolver para o "Coro das Vontades".

Inspirado no "Complaints Choir" dos finlandeses Tellervo Kalleinen e Oliver Kotchta-Kalleinen, nascerá do encontro entre os manifestos enviados por cidadãos ao Teatro Maria Matos - de ambições políticas ou devaneios poéticos a pedidos concretos como mais árvores nas ruas e menos marquises nas fachadas dos prédios - com a criatividade de Tiago Sousa. Ele explica: "No fundo, quis fazer uma dialéctica entre os manifestos e as minhas próprias convicções, reforçando um carácter em que muito acredito, a inevitável convivência do autor, enquanto autor, e a sociedade como um todo."

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