Roman Polanski apoiado em petição pela classe cinematográfica

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Mais de 90 personalidades do cinema são signatários de uma petição que exige a sua libertação. Nela figuram Wong Kar-wai, Fanny Ardant, Michael Mann, Jonathan Demme, Wim Wenders, Almodóvar, Monica Bellucci, Jeanne Moreau ou Tilda Swinton. Mas o apoio não é unânime

A detenção, na noite de sábado, do realizador Roman Polanski, gerou inúmeras reacções de condenação e apoio no seio da indústria cinematográfica. Além dos apelos diplomáticos da França e Polónia para que a Suíça não extradite o realizador e para que os Estados Unidos retirem o mandado de captura internacional relativo à acusação por relação sexual com uma menor, sucedem-se declarações de apoio de realizadores e actores numa petição que condena o encarceramento do realizador.

Mais de 90 personalidades do mundo do cinema de vários países são signatários de uma petição que contesta as circunstâncias da sua detenção e que exige a sua libertação. Nela figuram nomes como os de Alain Tanner, Ursula Meier, Costa-Gavras, Wong Kar-Wai, Fanny Ardant, Ettore Scola, Michael Mann, Jonathan Demme, Wim Wenders, Julian Schnabel, Pedro Almodóvar, Alejandro Gonzalez Iñarritu, Marco Bellocchio, Giuseppe Tornatore, Monica Bellucci, Abderrahmane Sissako, Barbet Schroeder, Gilles Jacob, Bertrand Tavernier, Walter Salles, Ettore Scola, Jeanne Moreau, Tilda Swinton ou Claude Lelouch.

Uma voz na indústria insurgiu-se contra a pressão junto das autoridades: o realizador francês Luc Besson, que argumenta que a "justiça deve ser igual para todos". "Tenho muito afecto por ele", disse Besson à rádio RTL, falando sobre Polanski. "Mas há uma justiça, que é a mesma para toda a gente".

"A partir daí, que se faça justiça. Nada sei sobre este caso, mas penso que quando uma pessoa não comparece para um processo judicial, está em falta, é um risco".

O caso Polanski remonta a 1977, quando a jovem de 13 anos Samantha Geimer participou numa sessão fotográfica para a revista "Vogue" em que o realizador, fotógrafo convidado, lhe deu champanhe e analgésicos e a terá forçado a manter relações sexuais. Polanski negou incialmente a acusação movida pelos pais da adolescente, dizendo que o contacto entre ambos tinha sido consensual, mas acabou por confessar o crime, sendo acusado de relação sexual com menor - que configura um crime público, não necessitando que alguém apresente uma queixa - e tendo sido internado num hospital-prisão para avaliação psiquiátrica.

Mais tarde, num caso que a sua defesa argumenta ter sido conduzido de forma tendenciosa pela justiça de Los Angeles, acabou por fugir dos EUA ao saber que afinal o juiz tencionava acusá-lo de um crime e propor uma pena que poderia levá-lo a cumprir 50 anos de prisão. Desde 1978, Polanski não voltou aos EUA - nem para receber o Óscar de Melhor Realizador em 2003, pelo filme "O Pianista".

O caso dividiu a opinião pública, algo que, 32 anos depois, continua a suceder.

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