ONU quer distribuir documentários e reportagens grátis

As Organização das Nações Unidas (ONU), que tem capacidade de produção televisiva, quer assumir-se como fornecedora de documentários e de reportagens, grátis, para todas as televisões do mundo. Uma das que se afigura apetecível é a RTPi, afirmou ao PÚBLICO Caroline Petit, directora de promoção e distribuição da unidade de notícias e multimedia da ONU. Quanto aos critérios de produção, a ONU foge das questões sensíveis e prefere abordar o lado humanitário da guerra com o Iraque.

Desde há dois anos que a ONU está a reinventar-se como um parceiro na área dos "media". Dispõe de uma unidade com capacidade de produção televisiva e um catálogo de documentários (que incluem um trabalho sobre Timor-Leste), bem como uma rádio que emite programação em seis línguas diferentes, além do português.

Na carteira, a ONU tem três tipos de produções televisivas: reportagem, documentário e um "talk-show". A"UN in Action" é uma série de 57 reportagens, de quatro minutos cada, uma das quais ja foi exibida no World Report da CNN, sobre as acções da organização no terreno. Em documentários, a ONU dispõe de peças sobre os direitos humanos, as minas e Timor-Leste, entre outros. E quanto ao "talk-show", trata-se de uma conversa com uma personalidade e um jornalista sobre assuntos da actualidade.

A ONU propoe-se oferecer, gratuitamente, uma seleção destes programas a canais de televisao de todo o mundo, desde que assinem um acordo de parceria, e que sejam oficiais. Se a parceria se concretizar, a ONU

disponibiliza também produções de outras organizações, como a UNICEF, o Banco Mundial e a FAO. "Queremos ser uma porta para os grandes operadores terem acesso aos nossos conteúdos", afirmou Caroline Petit, que conseguiu fazer uma parceria com a France 5 e com a AITED, durante o MIPTV, que terminou na sexta-feira, em Cannes.

A RTPi é um dos alvos da ONU, dado que transmite quase para todo o mundo e chega à diáspora portuguesa. "Temos documentários interessantes sobre lugares no mundo onde os portugueses deixaram uma heranca cultural muito forte. Uma parceria com eles [RTP] seria muito bem vinda", afirmou Caroline Petit, que não conseguiu encontrar-se com os responsáveis da televisão pública durante o MIPTV, por indisponibilidade da sua agenda.

"Somos uma boa marca internacional, não estamos politicamente ligados a uma força e oferecemos programação de qualidade e possibilidades de co-produção", refere a mesma responáavel, lembrando ainda que a parceria facilita o acesso a Embaixadores da Boa Vontade como Angeline Jolie ou Mohammed Ali, bem como a especialistas em várias áreas, como ajuda numa producao televisiva da própria estação.

O MIPTV tambem permitiu estabelecer negociações com um canal do Quénia, outro da Índia, com a empresa A&E (que detém o History Channel e o Discovery) e com o canal de música MTV.

Em relação aos critérios que regem a produção televisiva da ONU, Caroline Petit explica que as decisões têm em conta datas no calendário como o Dia Mundial da SIDA ou o Dia Mundial da Mulher, bem como as prioridades de agenda do secretário-geral Kofi Annan, definidas no documento Millenium Development Goals.

Quanto a conflitos, como a actual guerra no Iraque, a responsável admite que o assunto "e muito sensível", pelo que "a ONU vai centrar-se nas questões dos refugiados".

Sugerir correcção
Comentar