"É na Terra, Não é na Lua" é o grande vencedor do DocLisboa

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"Balaou", o filme anterior de Gonçalo Tocha, nunca teve estreia comercial Miguel Madeira/PÚBLICO

"É na Terra, Não é na Lua", o inclassificável documentário/diário/filme-ensaio de Gonçalo Tocha sobre a ilha açoriana do Corvo, ganhou o prémio máximo do DocLisboa 2011, o Grande Prémio Cidade de Lisboa para melhor longa ou média-metragem, atribuído pelo júri presidido pelo historiador Peter von Bagh. O palmarés foi anunciado na noite de sábado na sessão oficial de encerramento do certame antes da projecção de "Photographic Memory", de Ross McElwee

"É na Terra, Não É na Lua" já recebera uma menção especial no Festival de Locarno, onde foi apresentado em Agosto último; é apenas a segunda longa-metragem de Gonçalo Tocha, cineasta quase por acaso, conhecido igualmente pelos seus telediscos para o grupo Deolinda e pelo seu "alter-ego" de cantor romântico Gonçalo Gonçalves. O seu filme anterior, "Balaou", que nunca teve estreia comercial, foi considerado a melhor longa portuguesa no IndieLisboa 2007.

Na competição nacional do Doc, o prémio de melhor longa ou média-metragem coube a "Yama no Anata", média-metragem de Aya Koretzky sobre a mudança para Portugal, nos anos 1980, da família da realizadora, filha de pai japonês e mãe belga. A melhor curta portuguesa foi "Praxis", o muito falado filme de Bruno Cabral sobre as praxes académicas. "A Nossa Forma de Vida", de Pedro Filipe Marques, sobre o quotidiano dos avós do realizador, habitando um apartamento de Vila Nova de Gaia, recebeu o prémio para a melhor primeira obra portuguesa.

A melhor curta do concurso internacional foi "Con la Licencia de Diós", retrato de uma habitante de uma isolada aldeia mexicana assinado pela realizadora suíça Simona Canonica. O júri atribuiu ainda um prémio especial a "Territoire Perdu", do belga Pierre-Yves Vandeweerd, sobre a diáspora do povo sahrawi do Saara Ocidental.

Por seu lado, "Ami, entends-tu", primeira obra da francesa Nathalie Nambot sobre poetas resistentes como Anna Akhmatova ou Osip e Nadejda Mandelstam, recebeu o prémio Revelação para melhor primeira obra de longa ou média-metragem nas várias secções internacionais. E "Diário de uma Busca", onde Flávia Castro retraça os passos que levaram à morte do seu pai, activista de extrema-esquerda no Brasil dos anos 1980, venceu o prémio da secção Investigações.

Todos os filmes premiados repetem no domingo, último dia do festival, na Culturgest, para quem não teve hipótese de os ver no decurso do certame. Assim, o Grande Auditório exibe "Diário de uma Busca" às 17h; "Praxis" e "Yama no Anata" às 19h30; e "Con la Licencia de Dios" e "É na Terra Não É na Lua" às 21h30. Por seu lado, o Pequeno Auditório mostra "Ami, entends-tu" às 18h30 e "A Nossa Forma de Vida" às 21h.

De destacar ainda a exibição especial de um filme-surpresa, no domingo às 16h no Pequeno Auditório da Culturgest. Trata-se de "Duch, Le Maître des Forges de l'Enfer", a mais recente obra do documentarista cambojano Rithy Panh, visita regular do DocLisboa. Este retrato de um alto responsável do regime Khmer Vermelho, director do campo de concentração S21 (alvo de um anterior filme do realizador) onde morreram 12 mil pessoas, foi rodado durante o seu julgamento pelas autoridades cambojanas, e teve estreia mundial no último festival de Cannes.

Palmarés:
Competição internacional

- Grande Prémio Cidade de Lisboa para melhor longa ou média-metragem: "É na Terra, Não é na Lua", de Gonçalo Tocha (Portugal)

- Melhor curta-metragem: "Con la Licencia de Diós", de Simona Canonica (Suiça)

- Prémio especial do Júri: "Territoire perdu", de Pierre-Yves Vandeweerd (Bélgica/França)

- Prémio Revelação: "Ami, entends-tu" de Nathalie Nambot (França)

- Prémio Universidades: "De Engel van Doel" de Tom Fassaert (Holanda/Bélgica)

Competição nacional

- Melhor longa ou média-metragem: "Yama no Anata", de Aya Koretzky

- Melhor curta-metragem: "Praxis", de Bruno Cabral

- Melhor primeira obra: "A Nossa Forma de Vida", de Pedro Filipe Marques

- Prémio Escolas: "Yama no Anata"

- Prémio Investigações: "Diário de uma Busca", de Flávia Castro (Brasil/França)

- Menção honrosa do júri Investigações: "Rechokim, The Collaborator and His Family", de Ruthie Shatz e Adi Barash (EUA/Israel/França)

- Prémio CPLP para a melhor longa ou média-metragem dos Países de Língua Portuguesa: "Diário de uma Busca"

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