Palma de Ouro especial para Clint Eastwood

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O festival homenageou um "mestre" entre mestres

Clint Eastwood, 78 anos, estava "muito, muito lisongeado" ao receber a Palma de Ouro especial que lhe foi entregue pelo Festival de Cannes pelo conjunto da sua obra. Aconteceu numa cerimónia no restaurante parisiense Le Fouquet's.

"Agradeço a Gilles [Jacob, o presidente do festival], Thierry [Frémaux, delegado geral] e aos membros do conselho de administração de Cannes", disse Eastwood, segundo a AFP visivelmente emocionado ao receber o prémio, rodeado da mulher e de duas filhas. "O cinema nasceu aqui em França com os irmãos Lumière, e sempre foi entendido aqui como arte", acrescentou, de Palma nas mãos.

"Adoro a França, sinto-me aqui como em casa, longe de casa", conclui. Está agradecido à crítica francesa que o apoiou desde o início da sua carreira de realizador, em 1970, quando a crítica americana estava desconfiada.

Clint esteve cinco vezes em competição em Cannes, a última das quais com "A Troca", e foi presidente do júri em 1994.

Thierry Frémaux e Gilles Jacob compararam Clint a mestres do cinema como Robert Bresson, John Ford, Roberto Rossellini ou Satyajit Ray. "É um grande artista, um homem com qualidades humanas excepcionais e que chegou a um ponto de simplicidade na sua forma de interpretar e realizar que é a dos grandes autores americanos", disse Jacob à AFP.

Clint está de passagem por França, para a estreia do seu filme "Gran Torino", 29ª longa-metragem, que está a receber críticas entusiastas. Interpreta a personagem de um ex-veterano da guerra da Coreia, racista, reaccionário - há quem veja no filme, que é o maior sucesso americano de um filme realizado por Eastwood, como um ajuste de contas com a personagem de "Dirty" Harry - como se este tivesse envelhecido.

A propósito do filme, Clint, numa entrevista à revista alemã "Der Spiegel", falou contra aquilo que ele diz ser a cultura do politicamente correcto que acabou por erradicar todas as piadas sobre a nacionalidade ou etnia das pessoas. "Perdemos o sentido de humor. Em tempos antigos estávamos sempre a fazer piadas com as diferentes raças. [Mas] hoje só podemos dizer essas piadas com uma mão na boca, de outra forma insultam-nos dizendo que somos racistas. Acho isso ridículo."

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