Bush: EUA não precisam de autorização para fazer a guerra

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Bush apelou ao voto favorável do projecto de resolução hoje apresentado no Conselho de Segurança Tim Sloan/AFP

A guerra no Iraque é cada vez mais inevitável. Na segunda conversa com os jornalistas desde que foi eleito, o Presidente dos EUA, George W. Bush, não deixou margem para dúvidas: os EUA não precisam da autorização de ninguém para defenderem a sua segurança nacional.

“A minha fé conduz-me porque rezo todos os dias. Rezo para que ela me guie, para que me dê sabedoria e força”, afirmou Bush, interrogado sobre a sua fé durante uma conferência de imprensa que decorreu ontem à noite na Casa Branca convocada por si horas antes.

O Presidente norte-americano precisou igualmente que, em caso de guerra, irá rezar pela segurança das tropas norte-americanas. “E rezarei igualmente para que sejam poupadas as vidas dos iraquianos inocentes”, acrescentou. Bush agradeceu ainda aos “milhares de pessoas” que rezam por ele. “É uma experiência de humildade”, disse.

Bush, que pertence à igreja protestante metodista unificada, está em desacordo com a própria congregação e com as autoridades religiosas cristãs, que se opõem à ideia de uma guerra preventiva contra o Iraque.

A favor do exílio de Saddam

No dia em que o Iraque destruiu mais seis mísseis Al-Samud II, Bush afirmou que “Saddam Hussein não desarma”. “É um facto. Não o podemos negar (...) Saddam Hussein e as suas armas são uma ameaça directa para o nosso país, para o nosso povo e para todas as pessoas livres”.

O Presidente norte-americano lembrou ainda que Saddam é um ditador, recordando que invadiu já dois países e que lançou gás mortífero sobre o seu próprio povo.

“Considero que Saddam Hussein é uma ameaça para o povo americano. Considero que ele é uma ameaça para a própria vizinhança”.

Quanto a um Iraque pós-guerra, Bush afirmou que haverá uma mudança de regime “para alterar o cancro no interior do Iraque”. “Haverá um Governo que representará a voz dos xiitas, dos sunitas e dos curdos”. Quanto ao destino de Saddam Hussein, Bush afirmou que um exílio do ditador de Bagdad lhe seria conveniente, desde que o Iraque se desarme após a sua partida para o exílio.

”Um Iraque livre será importante no seio daquela região do mundo (...) O Iraque servirá de catalisador da mudança, uma mudança positiva”.

”Não precisamos da aprovação das Nações Unidas

Quanto à hipótese de guerra, Bush é muito claro: “Se for necessário agir, agiremos. E não precisamos realmente da aprovação das Nações Unidas para o fazer (...) À medida que vamos entrando no século XXI, no que toca à nossa segurança, não precisamos da autorização de ninguém”.

“Apelamos ao voto [do projecto de resolução], (...) queremos ver os países a levantarem-se e a darem a sua opinião sobre Saddam Hussein e sobre a utilidade do Conselho de Segurança das Nações Unidas. É tempo de pôr as cartas em cima da mesa”, afirmou ainda George W. Bush.

O Presidente norte-americano anunciou ainda que os EUA estão a consultar os seus aliados nas Nações Unidas: “Estamos na última fase da diplomacia”. “A solução desse problema no seio do Conselho de Segurança é uma questão de dias”, afirmou Bush.

Quanto à França e a Alemanha, países com assento no Conselho de Segurança e fortes opositores a uma guerra no Iraque, Bush afirmou que está em desacordo com ambos: “Se eles pensam que dando mais tempo a Saddam Hussein ele vai desarmar, eu estou em desacordo com eles”. Porém, o Presidente norte-americano salvaguardou que os dois países são “amigos” e parceiros com “interesses comuns”. “A relação transatlântica é muito importante”, concluiu.

Orçamento suplementar em caso de guerra

Quanto à economia, Bush afirmou que os EUA irão dispor de um orçamento suplementar: “Os custos da inacção excedem os custos da acção, se ela for necessária”, salvaguardou Bush, que voltou a repetir que “espera que a guerra não tenha lugar”.

Porém, se tal for acontecer, o Presidente norte-americano garantiu que os EUA darão tempo aos inspectores de desarmamento para abandonarem o país.

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