Os melhores livros de 2011

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Escolhas de Eduardo Pitta, Isabel Coutinho, Helena Vasconcelos, João Bonifácio, José Manuel Fernandes, José Riço Direitinho, Maria da Conceição Caleiro, Rogério Casanova, Rui Lagartinho

1. O Retorno

Dulce Maria Cardoso

Tinta-da-China

Em 1975 os retornados chegam a Portugal e são recebidos com hostilidade. Trata-se de um êxodo de proporções bíblicas que marca o fim do Império. A Pátria é para muitos terra incógnita. Quem chega procura reinventar-se: alguns diluem-se no tecido social, a maior parte permanece à deriva. Dulce Maria Cardoso era uma criança, nessa altura, mas os acontecimentos ficaram-lhe na memória. "O Retorno" é uma ficção ancorada na sua experiência real, vivida e sofrida. Para além do efeito encantatório da escrita, o mais importante é que Dulce não faz ajustes de contas, não emite juízos de valor, não se permite complacência. A força poderosa das convicções não está isenta de ironia. Uma tragédia ao jeito clássico pela mão de uma escritora de eleição. H.V.

2. Vida e Destino

Vassili Grossman

(trad. Nina Guerra e Filipe Guerra)

D. Quixote

Um monumental fresco da Rússia soviética escrito em forma de narrativa épica, em que os relatos da batalha de Estalinegrado alternam com a história de uma família judia dividida entre a Alemanha e a Sibéria. Um romance magistral que o KGB tentou fazer desaparecer. O retrato de um tempo de horror, milhões e milhões de pessoas sob as mãos assassinas de dois homens, Hitler e Estaline. J.R.D.

3. As Luzes de Leonor

Maria Teresa Horta

D. Quixote

"Razão e voo" são palavras-chave inscritas em "As Luzes de Leonor" que nos podem abrir as portas do livro mais ambicioso escrito até hoje por Maria Teresa Horta. A figura da Marquesa de Alorna agiganta-se nas mãos desta sua descendente que tão livre como Leonor se espraia numa escrita onde a poesia, o romance, o jornalismo e a história se entrelaçam para nos dar o retrato de uma vida. R.L.

4. Liberdade

Jonathan Franzen

(trad. de Maria João Freire de Andrade)

D. Quixote

Depois de dez anos de silêncio do autor, e de uma ofensiva concertada de hype mediático, "Liberdade" chegou ao mundo com expectativas impossíveis para cumprir. Pode não atingir o nível de "As Correcções", mas confirma o estatuto de Franzen como um dos mais interessantes escritores contemporâneos. R.C.

5. O Mapa e o Território

Michel Houellebecq

(trad. de Pedro Tamen)

Ed. Objectiva

Parecendo aceitar os argumentos maliciosos dos que sempre defenderam que Houellebecq era melhor figura pública do que romancista, Houellebecq decidiu finalmente escrever um romance em que o principal bónus qualitativo é uma personagem fictícia chamada Houellebecq. Os resultados foram incaracterísticos, mas inspirados. R.C.

6. A Filha do Coveiro

Joyce Carol Oates

(trad. de Susana Baeta e Miguel Castro Caldas)

Sextante

A partir de uma tragédia de família (um homem mata a mulher na presença da filha adolescente), Joyce Carol Oates constrói um épico que cobre mais de 60 anos de vida da protagonista, Rebecca, que mais tarde se chamará Hazel Jones. Sob o pano de fundo da intolerância americana, Oates põe em pauta o terror subterrâneo da violência doméstica. E.P.

7. Contos Escolhidos

Guy de Maupassant

(trad. de Pedro Tamen)

D. Quixote

A circunstância de ter morrido cedo não impediu Maupassant de escrever centenas de contos, muitos sob pseudónimo. Pedro Tamen traduziu 42, doseando a selecção entre mundanos, eróticos, inquietantes, misteriosos e "exemplares". Vários são clássicos da literatura universal: "Bola de Sebo" (1880) e "A Casa Tellier" (1881) são dois exemplos possíveis. E.P.

8. Os Buddenbrook

Thomas Mann

(trad. Gilda Lopes Encarnação)

D. Quixote

Retrato minucioso da sociedade burguesa alemã, os seus pecados e as suas virtudes. Uma saga familiar de tradição realista, mas que surge já como um romance de transição para o simbolismo. Mann ensaia aqui os dilemas que iriam assombrar toda a sua obra: a escolha entre o material e o espiritual, entre os negócios e as artes, entre a mundaneidade e uma profunda vida interior. J.R.D.

ex-aequo

8. Cidadãos - Uma Crónica da Revolução Francesa

Simon Schama

Civilização

Não é uma História da Revolução Francesa. É uma narrativa da emergência da cidadania, quase ficcional, centrada nos eventos e nos indivíduos, nas conspirações e nos acasos, cujo fio condutor é a lógica da violência que culmina no Terror. Publicado em 1989, o ano do bicentenário, "Cidadãos" foi um eficaz (e divertido) panfleto para "abalar a mitologia da revolução". J.A.F.

10. Poesia Completa

Manoel de Barros

Caminho

Esta edição condensa toda a poesia do brasileiro publicada até ao ano 2010 num único volume que foi editado pela Leya, em Portugal e no Brasil, e tem um prefácio de Carlos Nejar. Vai desde "Poemas concebidos sem pecado", de 1937 até "Menino do Mato", de 2010. "A única língua que estudei com força foi a portuguesa Estudei-a com força para poder errá-la ao dente", diz o poeta que nasceu no Beco da Marinha, Mato Grosso, em 1916. "Eu queria crescer para passarinho", "Sapo é um pedaço de chão que pula" e "Poesia é a infância da língua" são alguns dos seus achados. I.C.

11 - O Sentido do Fim de Julian Barnes, Quetzal; 12 - O Museu da Rendição Incondicional de Dubravka Ugrešic, Cavalo de Ferro; 13 - O Chalet da Memória de Tony Judt, Edições 70; 14 - O Filho do Desconhecido de Alan Hollinghurst, D. Quixote; 15 - O Último Homem na Torre de Aravind Adiga, Editorial Presença; 16 - O Homem que Gostava de Cães de Leonardo Padura, Porto Editora; 17 - Canções Mexicanas de Gonçalo M. Tavares, Relógio D'Água; 17 - Middlemarch de George Elliot, Relógio d'Água; 17 - Haja Luz! Uma História da Química Através de Tudo de Jorge Calado, IST-Press; 17 - Tiago Veiga - Uma Biografia de Mário Cláudio, D. Quixote; 17 - A Mão do Oleiro de Rui Nunes, Relógio d'Água; 17 - Contos Completos de Vladimir Nabokov, Teorema; 17 - Ferdydurke de Witold Gombrowicz, 7 Nós

Escolhas de Eduardo Pitta, Isabel Coutinho, Helena Vasconcelos, João Bonifácio, José Manuel Fernandes, José Riço Direitinho, Maria da Conceição Caleiro, Rogério Casanova, Rui Lagartinho

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