Uma exposição em Barcelona para todos os bolañistas!

Foto
Roberto Bolaño no seu estúdio da rua Tallers: Barcelona, 1979 DR

Archivo Bolaño. 1977-2003 fica no Centre de Cultura Contemporània de Barcelona até 30 de Junho

No ano em que passa uma década desde a morte do escritor chileno Roberto Bolaño (Santiago do Chile, 1953 - Barcelona, 2003), o CCCB - Centre de Cultura Contemporània de Barcelona dedica-lhe uma exposição em sua homenagem: Archivo Bolaño. 1977-2003, que fica no CCCB até 30 de Junho. No dia da abertura, 5 de Março, os visitantes receberam um pin onde se lia a frase "Soy Bolañista!" e entusiasmaram-se ao passar por objectos como a máquina de escrever eléctrica Olivetti ET Personal 55 ou os três pares de óculos que pertenceram ao autor de 2666, contou Cassiano Elek Machado, o ex-editor brasileiro da Cosac Naify e de Valter Hugo Mãe que foi enviado especial a Barcelona pela Folha de São Paulo para cobrir o evento. O repórter destacou uma carta que Bolaño escreveu ao editor espanhol Jorge Herralde a propósito de 2666 e que está na exposição: "Trabalho duro, mas o texto resiste como o coelho da Duracell, e a cada página que elimino saem mais duas."

Num dos vídeos disponíveis no site do CCCB, a viúva do escritor, Carolina López, explica que as duas coincidências que estão por trás da exposição: por um lado, os dez anos da morte e de Bolaño, por outro, a conclusão da primeira etapa do trabalho de ordenação e de classificação do arquivo pessoal do escritor.

Depois da sua morte, todo o arquivo pessoal de Bolãno ficou em caixas, "tal como ele o tinha deixado", até 2006, altura em que começou o trabalho de inventariação. A classificação dos documentos respeitou a ordem com que o escritor os organizou: Bolaño deixou pastas com nomes ou sem, pilhas de papéis, caixas cheias de blocos de notas, revistas, recortes de imprensa e compilações agrafadas daquilo que achava que poderia vir a dar um livro. Todo o material inédito já foi identificado, resta agora classificar poemas nunca publicados, fotos de família e gravações áudio e começar a analisar a sua correspondência em detalhe. "Das 14.374 páginas que foram classificadas como originais, o que ainda não foi publicado inclui 26 contos, quatro romances, poemas, rascunhos, cartas e diários. Depois, em formato electrónico, existem 24 mil páginas; dessas, nunca foram publicados cerca de 300 documentos: 200 são narrativa e 100 poesia", explica a viúva, citada no dossier de imprensa.

Na exposição, os curadores Juan Ínsua (director do CCCB-LAB) e Valérie Miles (co-directora da Granta espanhola e investigadora no arquivo de Bolaño) quiseram explorar "a ideia do trabalho do detective": o visitante-leitor é um detective confrontado com uma série de testes e pistas, onde não faltam humor e ironia, e percorre as três cidades catalãs onde a maior parte da obra de Roberto Bolaño foi escrita, Barcelona (1977-1980), Girona (1981-1985) e Blanes (1985-2003).

Na última parte de Archivo Bolaño. 1977-2003 é recriada a história da sua vida e é dado um retrato do escritor na intimidade. No catálogo, o director do CCCB, Marçal Sintes, escreve que a exposição "é uma tentativa modesta de dar uma ideia de como era Bolaño e como ele passava os dias na Catalunha". Abre caminho para que "se perceba melhor que o seu trabalho é ainda mais fascinante à luz do seu arquivo" e permite que os visitantes tenham uma base para fazer "uma interpretação [da sua obra] que, se não é totalmente nova, é mais profunda e completa".

No Outono, a exposição irá para Nova Iorque; em 2014, ocupará a Casa del Lector, em Madrid.

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