Rádio Amália lançou-se ontem, em 92.0, como nicho para o fado com 14 intervenções em directo e ao vivo

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Passaram 14 fadistas pela nova rádio para marcar o seu lançamento Enric Vives Rubio/PÚBLICO

Com seis painéis diários, que arrancam às 7h e se prolongam até às 00h, a estação, a emitir para a grande Lisboa, tem espaços noticiosos e informações úteis, como meteorologia e trânsito.

Luís Montez descreve o projecto - que é dele - como uma espécie de ovo de Colombo e talvez o tempo venha a provar que tem razão. Afinal, o que é que justifica que Portugal não tivesse uma rádio dedicada em exclusivo ao fado, à semelhança do que acontece em países com ritmos nacionais facilmente identificáveis, como os Estados Unidos com acountry ou o Brasil com o samba? A estação que vem ocupar esse espaço chama-se Rádio Amália e, juntando-se aos variadíssimos tributos de homenagem à fadista nos dez anos da sua morte, está a emitir em 92.0 desde ontem, quando foi lançada com 14 intervenções ao vivo.

Velhos, novos e novíssimos valores como Fernando Alvim, Cuca Roseta, Carminho, Joana Amendoeira, António Pinto Bastos, Ana Sofia Varela, Mafalda Arnauth, Rodrigo Costa Félix, Raquel Tavares, Pedro Moutinho ou Cristina Branco passaram ontem pelos estúdios da Rua do Viriato onde Montez, proprietário da conhecida promotora Música no Coração, tem também a funcionar a Oxigénio, especializada em electrónica, e a Radar, especializada no universo do rock. A materialização de uma ideia que levou oito anos a ser desenvolvida e que, segundo o seu principal impulsionador, transpostos todos os obstáculos, tem "um potencial de crescimento enorme". É que, diz Montez, a ideia de que apenas pessoas com mais de 55 anos ouvem hoje fado é falsa: o segmento em que a Rádio Amália aposta parte, na verdade, dos 35 anos.

Com seis painéis diários, que arrancam às 7h e se prolongam até às 00h, a estação, a emitir para a grande Lisboa, tem espaços noticiosos e informações úteis, como meteorologia e trânsito. Destaca novos fadistas (14h15), apresenta os maiores sucessos do fado (20h), homenageia grandes nomes desaparecidos (21h45) e faz directos ao vivo tanto de fadistas profissionais como amadores (quartas das 18h às 19h).

"O fado é obviamente um estilo adulto, mas não atravessa apenas todas as classes sociais, passa também por muitas faixas etárias", diz Montez, apontando "a loucura" que foram as apresentações de Mariza e Camané no festival Sudoeste, organizado pela Música no Coração para um público maioritariamente jovem.

Em oito anos, desde que teve a ideia até que conseguiu todas as autorizações necessárias - Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Fundação Amália Rodrigues... - e reuniu o milhão de euros de investimento que diz ter feito, Montez sublinha ter tido apenas um receio em relação à sua ideia: "O meu medo era que alguém pegasse nela [antes de mim]."

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