Massive Attack ou os Clash versão LCD

Foto
Massive Attack: o novo disco, “LP5”, vai fazer-se ouvir no Campo Pequeno

Concertos, dias 21 e 22, com o lado visual e performativo influenciados pelos Clash, diz-nos Daddy G.

Ora vamos lá a olhar para os dedos das duas mãos e fazer contas: há quantos anos é que os Massive Attack não têm disco novo? Ora, dois mil e três é o mindinho esquerdo que é igual a um, portanto, um, dois, três, quatro, cinco, polegar direito. Há polegar direito que não temos direito a disco novo.

Seis anos e tal à espera do quinto disco de originais que está "quase pronto", segundo Daddy G, vai chamar-se "LP5", conta com a presença de Damon Albarn, Martina Topley-Bird e Tunde, dos TV on the Radio, e vai sair este ano. Isto é certo. "Quase certo", diz Daddy G.

"LP5" já teve uma data de nomes, várias datas de edição adiadas, mas não é como se eles tivessem estado de férias. Daddy G, ao telefone com o Ípsilon justifica os atrasos: "Desde 2003 editámos um ‘Best-of', fizemos a respectiva digressão, fomos curadores do Festival Meltdwon, fizemos várias BSOs, voltámos a fazer uma digressões, e continuámos sempre a fazer DJing".

Pelo meio atiraram para o lixo "duas versões anteriores" de "LP 5", tudo por causa da última digressão. "Tínhamos o disco acabado, experimentámo-lo um pouco na estrada e quando acabámos de tocar ao vivo estávamos um bocado fartos dele. Tínhamos escrito o disco em separado e achámos que lhe faltava alguma coisa que fosse comum a todos, por isso resolvemos começar de novo, desconstruir as canções e voltar a construí-las".

Claro que, perante tanta demora, o povo tuga que se deslocar amanhã e domingo à Praça de Touros do Campo Pequeno (Lisboa) para os ver ao vivo (com a voz de Martina Topley-Bird) vai ter direito a "mesmo muita coisa de ‘LP5'". Aliás, preparem-se porque "as primeiras cinco ou seis canções são do novo disco". Isto, diz Daddy G, até "pode ser suicídio comercial" mas "isso é que torna tudo mais excitante, não é?".

Vai ser um disco distante do início da banda, quando eles diziam ser "um sound-system e não uma banda", mas também vai ser um disco diferente de "100 th Window": "Com ‘100th Window' havia muitas camadas com coisas brilhantes, mas um pouco inacessíveis. Nesse sentido este disco é mais limpo, mais acessível. É como quando os Clash foram a Nova Iorque e viram o hip-hop com beats uptempo e toda aquela onda disco. Conheces os PIL? Soa um pouco a essa era".

Essa era, segundo Daddy G, influencia o lado visual e performativo que vamos assistir ao vivo: "Vai ser como a ‘White Riot Tour' dos Clash. Vi-a quando era novo e só pensava ‘Um dia quero fazer parte de uma coisa assim'".

Bom, em abono do lado punk dos Clash (que Daddy G citou 134 vezes em 15 minutos de conversa) declare-se que na "White Riot Tour" não havia LCDs gigantes. Mas nos concertos dos Massive Attack sim: "Temos um ecrã LCD que enchemos de informação, alguma política, outra mais non-sense, tudo aquilo que faz parte do nosso mundo".

Portanto, amanhã e domingo já sabem: ali em palco estão os Clash do século XXI e aquela moça bonita é o Joe Strummer. E "LP5" ainda vai acabar por chamar-se "Combat trip-hop".

Sugerir correcção
Comentar