A festa dos The Rapture na noite dos The Cure

Foto
No dia dos The Cure estiveram 42 mil pessoas no festival DR/Eric Pamies

O concerto dos The Cure foi o mais longo de sempre no Primavera Sound. Foram três horas e 37 músicas.

Era um dos nomes mais esperados da edição deste ano e por isso teve a maior enchente num concerto que durou três horas, um feito inédito no Primavera Sound, em Barcelona. Os The Cure foram as estrelas da noite, que terminou em grande com os The Rapture.

O concerto dos The Cure só começava às 22h mas assim que as portas se abriram, a meio da tarde, facilmente se percebeu que o movimento era maior do que no dia anterior e que Robert Smith e a sua banda eram os grandes culpados. Afinal, estava à vista nos milhares de fãs que se vestiram a rigor para o concerto. Leu-se “Boys don’t cry” e “Friday I’m in Love” em milhares de t-shirts e, falando em amores de sexta-feira, a frase nunca fez tanto sentido como ontem. Como nos ensinou Robert Smith: “I don't care if Monday's blue/ Tuesday's grey and Wednesday too/ Thursday I don't care about you/ It's Friday I'm in love”.

Se na quinta-feira em Wilco e Franz Ferdinand o palco San Miguel ficou lotado, com os The Cure aquele espaço nunca pareceu tão pequeno. A correria entre os oitos palcos parou e, de repente, foi como se só existisse aquele concerto. O palco Mini, que tantas vezes compete com o San Miguel, parou, e o Ray Ban também não teve concertos durante os The Cure. Os norte-americanos The Drums e os franceses M83, que actuavam nestes palcos, viram os seus concertos adiados uma hora e tiveram mesmo de esperar.

O público quase no paraíso

 

Não foi preciso muito para que as milhares de pessoas se rendessem a Robert Smith, igual a si mesmo, nem mais velho nem mais novo, que começou o concerto com “Plainsong", "Pictures of You", "High" e "Lovesong”. Logo de seguida ouviu-se a “In Between Days" e a "Just Like Heaven" e o público estava conquistado.

Foram de poucas palavras mas mostraram porque são hoje uma banda de culto que atravessa gerações. Terão sido poucos os que não cantaram temas como "The Walk", "Friday I'm In Love", "Desintegration", "The Lovecats" e "Close To Me". No total tocaram 37 temas. O último, como não podia deixar de ser, foi "Boys Don't Cry", cantado até por aqueles que esperavam nos outros palcos que os concertos começassem. Se pudessem, os britânicos tinham continuado em palco por mais três horas. Será que podemos esperar o mesmo em Portugal quando os The Cure subirem ao palco do Optimus Alive, no dia 14 de Julho?

Assim que acabou a música e se apagaram as luzes, ouviu-se imediatamente em baixo, no palco Ray Ban, um “Olá Barcelona”. Eram os nova-iorquinos The Drums. À sua esperam já estavam alguns milhares de pessoas. À medida que o concerto foi avançando e se foram ouvindo temas como “Money”, “Days” e a muito esperada “Let’s Go Surfing”, a audiência foi aumentando. Sempre bem-dispostos, os Drums mostraram que o rock também pode ter coreografias e coros. Mesmo ao lado, Aaron Jerome, mais conhecido como SBTRKT, punha o palco Pitchfork a dançar. Ao mesmo tempo, no palco Mini, actuaram os M83, e a maior caminho, no ATP, os Codeine.

E em noite de grandes concertos, só se podia esperar que os The Rapture encerrassem o palco principal em grande, com um dos melhores concertos da noite. Com o seu pós-punk dançável, a energia da banda, liderada por Luke Jenner, foi contagiante. Se há bandas que ao vivo se mostram ainda melhores do que em estúdio, é caso para dizer que os The Rapture são o exemplo disso. Entre sucessos como “House of jealous lovers”, “Sail Away” e “How Deep is Your Love”, poucos terão tido coragem de abandonar o concerto antes do fim.

Mas se a noite acabou em festa com os The Rapture, o dia de concertos começou de forma mais calma com Jeff Mangum a actuar para um auditório completo. Os Other Lives abriram o palco principal e logo de seguida foi Rufus Wainright, que se destacou com um concerto ao pôr do sol. Muito falador e bem disposto, Rufus Wainright subiu ao palco com a sua banda e iniciou o concerto com “Candles”, do recém editado “Out of the Game”. Mas Rufus não se fez valer só do novo álbum e, como o próprio disse, andou “para trás na história”. 

“Greek song”, “One Man Guy” e “Poses” foram alguns dos temas escolhidos. Pelo meio, houve ainda uma homenagem à sua mãe, Kate McGarrigle, que morreu em 2010. Rufus Wainright chamou uma das suas cantoras e saiu do palco, deixando que ela cantasse uma música de McGarrigle. Mas se deste lado, o concerto era calmo, no palco Mini, na outra ponta do recinto, os Girls davam um concerto eletrizante e que contou com a presença inesperada de três vozes femininas afro-americanas.

Sugerir correcção
Comentar