A Culturgest Porto com o Universo lá dentro - graças a Laraaji

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Liam Ricketts

A música infinita de Laraaji ecoará a 21 de Maio

Algures em 1974, numa “experiência de meditação profunda”, como contou ao Ípsilon, Edward Larry Gordon teve uma “epifania”: “Ouvi música cósmica na minha cabeça. A música da eternidade, a música do espaço infinito.” 

O que Gordon ouviu foi uma música que “parecia incluir tudo no Universo”: “uma jam session com o Universo”. “A experiência abriu um lado do meu coração, algo que eu nem sabia que tinha”, confessou-nos nesta entrevista, publicada há dois anos. Nunca conseguiu replicar aquele som, mas, com a sua cítara (zither, em inglês – não confundir com o sitar da Índia), construiu uma música única enquanto Laraaji. Na cítara, tece padrões encantatórios, entre a repetição e a progressão contínua.

Brian Eno deixou-se conquistar por esta música. Em 1979, o ex-Roxy Music, então dedicado à música ambient, encontrou Laraaji a tocar num jardim de Nova Iorque. Entusiasmado com o talento daquele desconhecido, Eno produziria Ambient 3: Day of Radiance (1980), talvez o álbum mais conhecido de Laraaji, que passou os anos seguintes escondido nos circuitos de ioga e meditação, com discos discretos, muitos deles editados em cassete. 

Recentemente, a par de outros agentes da new age, como Iasos, a música de Laraaji mereceu um novo olhar, com menos preconceitos, chegando a um novo público. A compilação Celestial Music 1978-2011, editada em 2013, é a primeira retrospectiva da sua carreira. Nela descobrimos outros lados de Edward Larry Gordon: de quase-canções pop a mantras de sintetizador.

A música infinita de Laraaji ecoará a 21 de Maio na Culturgest Porto, num dos três concertos que a promotora Filho Único organiza nos próximos tempos na sala da Avenida dos Aliados. 

Antes, os Excepter regressam a Portugal, com um novo álbum, Familiar, para apresentar (a edição está para breve). A primeira amostra, Maids, revela os Excepter na sua costumeira e sempre intrigante trip (alimentada com maquinaria e a voz alienada de John Fell Ryan), mas próximos de fazer uma... canção. O que está para trás é uma obra sem paralelo no underground experimental contemporâneo. Actuam na Culturgest Porto a 3 de Abril e no dia seguinte na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, com os portugueses Tropa Macaca na primeira parte.

A Culturgest Porto será também palco para o trompete sem fronteiras de Peter Evans. Trabalha em múltiplas frentes, desde performances a solo, orquestras de câmara, grupos de improvisação livre, entre outras. A 5 de Maio, o músico jazz radicado em Nova Iorque estará no Porto a solo (no dia anterior actua em Lisboa, em sala a anunciar, refere o site do artista): espere-se o inesperado. 

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