Robert Wilson (e Paulo Ribeiro) na próxima temporada do Théâtre de la Ville

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O programa Robert Wilson é o grande acontecimento 2013-14 do teatro parisiense: o seu retrato estende-se a outras salas.

“Decidimos acompanhar Paulo Ribeiro, cujo trabalho tem de ser mais conhecido do público parisiense. E há um movimento que se pode criar nesse sentido”. Emmanuel Demarcy-Mota, director do Théâtre de la Ville (TdlV), justificou assim, ao Ípsilon, o regresso do coreógrafo português àquele palco, onde em Junho de 2014 apresentará o espectáculo Jim, em torno do carismático líder dos The Doors, Jim Morrison. Depois de em 2011 aí ter apresentado duas peças com o Ballet de Lorraine (White feeling e Organic beat), Paulo Ribeiro é a única presença portuguesa na programação da temporada 2013-14, que o TdlV divulgou na semana passada, quando se iniciava o programa do evento Chantiers d’Europe, este ano dedicado à criação artística de Lisboa — e que decorre em Paris até final deste mês de Junho. Mas o director do TdlV referiu estar já em negociação, para o início da temporada seguinte, a presença da pianista Maria João Pires...

Nas artes do palco, e no âmbito do Festival de Outono, também dirigido por Demarcy-Mota, o acontecimento da próxima temporada será o programa dedicado ao encenador norte-americano Robert Wilson, cujo “retrato” terá reflexos noutros palcos parisienses: no próprio TdlV, com a estreia francesa da sua criação The Old Woman (6 a 23 de Novembro), que conta com a participação do bailarino Mikhail Baryshnikov e do actor Willem Dafoe, e a produção de Peter Pan, de James Matthew Barrie (12 a 20 de Dezembro), com os actores do Berliner Ensemble e música das CocoRosie (ver entrevista na página 22). Mas também a reposição da sua polémica ópera criada com Philip Glass, Einstein on the Beach (no vizinho Théâtre du Châtelet, 8 a 12 de Janeiro); e uma exposição sobre a obra e os métodos de trabalho do encenador em pleno Museu do Louvre, Living rooms (9 de Novembro a 17 de Fevereiro).

Pela apelativa programação do TdlV — “o teatro em França e na Europa que acolhe mais artistas estrangeiros”, reivindica Demarcy-Mota —, passará a companhia alemã Schaubühne, dirigida por Thomas Ostermeier, com Morte em Veneza, de Thomas Mann (18 a 23 de Janeiro), e Um Inimigo do Povo, de Henrik Ibsen (27 de Janeiro a 2 de Fevereiro). A companhia de dança da norte-americana Trisha Brown apresenta dois programas (22 de Outubro a 1 de Novembro), o mesmo acontecendo com a belga Anne Teresa de Keersmaeker e a sua companhia Rosas (26 a 30 de Novembro e 28 de Abril a 7 de Maio). E a companhia de Pina Bausch, Tanztheater Wuppertal — que esta semana e na próxima aí apresenta a criação da sua fundadora, Kontakthof (1978) —, vai regressar com Palermo, Palermo (21 de Junho a 5 de Julho). Outras figuras incontornáveis da paisagem coreográfica europeia, como Jérôme Bel, Christian Rizzo e Wim Vandekeybus, passarão também pela próxima temporada do TdlV.

De novo no teatro, assinalem-se as encenações do próprio Demarcy-Mota, que fará um duplo regresso a um dos seus dramaturgos de cabeceira, Eugène Ionesco, com a nova criação Ionesco Suite (27 de Setembro a 18 de Outubro) e uma nova remontagem de Rinoceronte (2 a 10 de Junho), mas fará também uma incursão ao universo de Balzac, com a produção Le Faiseur (estreia a 18 de Março). Na música, terceiro vector do triângulo de programação do TdlV, realce para a presença do grupo do violinista virtuoso italiano Fabio Biondi, Europa Galante (9 de Janeiro), ou do Kronos Quartet (5 de Maio). 

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